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O QUE LEVA UM ARTISTA A PRODUZIR? Essa pergunta vem acompanhando a humanidade desde que a arte existe. Talvez no passado fosse mais fácil respondê-la. A arte era um ofício. Com o advento de construtos como a fotografia, e com os ensinamentos do impressionismo, expressionismo, passando por Cézanne, pelo Cubismo e pelos movimentos “modernos” e contemporâneos de maneira geral, a arte deixou de ser apenas uma representação da realidade. No decorrer da história, a arte tornou-se, além de plástica, conceitual. E esse conceito em muitas vezes é mais importante do que a plástica. A arte tornou-se crítica. Não se interessa apenas pelo belo, a arte tem consciência. E essa linguagem crítica das artes talvez tenha ajudado a fazer com que os artistas além de produzirem também escrevam sobre suas obras e sejam seus próprios curadores e afins. Seguindo uma tendência que vem se fortalecendo, desde os anos 60, muitos artistas, escrevendo sobre suas produções artísticas ou sobre a arte de maneira geral, são responsáveis pelos textos mais expressivos de sua época. Dentre tantos exemplos podemos destacar o “Escritos e Reflexões Sobre a Arte” de Henry Matisse, vários textos de Marcel Duchamp e Kandinsky. E também as cartas de Cézanne e até mesmo de Van Gogh, que não são apenas crítico mas também poéticos. Seguem alguns trechos de textos de autoria de artistas plásticos que exemplificam de maneira expressiva os artistas escritores: “Gostaria que meus quadros dessem a impressão de que um ser humano passou entre eles, como uma lesma, deixando um rastro da presença humana e um traço dos acontecimentos passados, tal como a lesma deixa seu sulco. Creio que todo processo desse tipo de forma elíptica depende da execução do detalhe e de como as formas são refeitas ou colocadas levemente fora de foco para introduzir os traços da memória.” (Francis Bacon – 1955) Declarações (CHIPP) “Quando estou no meu quadro, não tenho consciência do que estou fazendo. Só depois de uma espécie de período de “conhecimento” é que vejo o que estive fazendo. Não tenho medo de fazer modificações, de destruir a imagem, etc., porque o quadro tem uma vida própria. Procuro deixar que esse mistério se revele. Só quando isso não acontece, há uma harmonia pura, um dar e tomar livre, e o quadro sai bom.” (Jackson Pollock – 1947) “Não trabalho a partir de desenhos ou esboços em cores. Minha pintura é direta. ... O método de pintar é o resultado natural de uma necessidade. Quero expressar meus sentimentos, e não ilustrá-los. A técnica é apenas um meio de chegar a uma declaração. Quando estou pintando, tenho uma idéia geral do que estou fazendo. Posso controlar o fluxo da pintura: não há acidentes assim como não há começo nem fim.”

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O QUE LEVA UM ARTISTA A PRODUZIR? 

Essa pergunta vem acompanhando a humanidade desde que a arte existe. Talvez no passado fosse mais fácil respondê-la. A arte era um ofício.
Com o advento de construtos como a fotografia, e com os ensinamentos do impressionismo, expressionismo, passando por Cézanne, pelo Cubismo e pelos movimentos “modernos” e contemporâneos de maneira geral, a arte deixou de ser apenas uma representação da realidade. No decorrer da história, a arte tornou-se, além de plástica, conceitual. E esse conceito em muitas vezes é mais importante do que a plástica.
A arte tornou-se crítica. Não se interessa apenas pelo belo, a arte tem consciência. E essa linguagem crítica das artes talvez tenha ajudado a fazer com que os artistas além de produzirem também escrevam sobre suas obras e sejam seus próprios curadores e afins.
Seguindo uma tendência que vem se fortalecendo, desde os anos 60, muitos artistas, escrevendo sobre suas produções artísticas ou sobre a arte de maneira geral, são responsáveis pelos textos mais expressivos de sua época.
Dentre tantos exemplos podemos destacar o “Escritos e Reflexões Sobre a Arte” de Henry Matisse, vários textos de Marcel Duchamp e Kandinsky. E também as cartas de Cézanne e até mesmo de Van Gogh, que não são apenas crítico mas também poéticos.
Seguem alguns trechos de textos de autoria de artistas plásticos que exemplificam de maneira expressiva os artistas escritores:
“Gostaria que meus quadros dessem a impressão de que um ser humano passou entre eles, como uma lesma, deixando um rastro da presença humana e um traço dos acontecimentos passados, tal como a lesma deixa seu sulco. Creio que todo processo desse tipo de forma elíptica depende da execução do detalhe e de como as formas são refeitas ou colocadas levemente fora de foco para introduzir os traços da memória.”
(Francis Bacon – 1955)
Declarações (CHIPP)
“Quando estou no meu quadro, não tenho consciência do que estou fazendo. Só depois de uma espécie de período de “conhecimento” é que vejo o que estive fazendo. Não tenho medo de fazer modificações, de destruir a imagem, etc., porque o quadro tem uma vida própria. Procuro deixar que esse mistério se revele. Só quando isso não acontece, há uma harmonia pura, um dar e tomar livre, e o quadro sai bom.”
(Jackson Pollock – 1947)
“Não trabalho a partir de desenhos ou esboços em cores. Minha pintura é direta.
... O método de pintar é o resultado natural de uma necessidade. Quero expressar meus sentimentos, e não ilustrá-los. A técnica é apenas um meio de chegar a uma declaração. Quando estou pintando, tenho uma idéia geral do que estou fazendo. Posso controlar o fluxo da pintura: não há acidentes assim como não há começo nem fim.”