O trabalho retilíneo e perfeito deu lugar ao gesto amplo e solto. As cores
puras, por sua vez, foram abandonadas na direção de uma busca mais elaborada
por tons feitos em ateliê, através do apuro nas misturas entre pigmentos.
É também a partir desta fase que pá Roberta Dacosta parece acentuar a busca pelo contraste entre tramas geométricas mais rigorosas e elementos figurativos de grande apelo visual como flores, mandalas, rendas, pérolas e bordados
Beatriz Milhazes (1960- ), também colorista de primeira ordem, em cuja
obra verdes se associam a azuis, vermelhos, pretos, ocres, laranjas e rosas. A cor
matissiana, como em Jorge Guinle, exalta na obra de Milhazes, uma sensualidade
barroca, nos seus formatos circulares e arabescos. A artista trabalha com um
método de monotipia, segundo o qual as imagens preparadas sobre plásticos são
impressas na tela. De rigor construtivo, sua pintura necessita de um olhar mais
rigoroso e demorado, não se entrega em primeira mão. Nas sobreposições e
transparências, suas imagens se constróem, destróem-se e nos levam de volta a
um passado no qual elementos simbólicos femininos se juntam a uma iconografia
do barroco. O excesso e a profusão de formas que se justapõem e se sobrepõem
tomam conta do espaço pictórico sobre a divisão geométrica do fundo. Os
descascados da superfície formam novos desenhos ocasionais integrados à obra
(figura 37).
Apesar da diferenciação temática entre o trabalho de Beatriz Milhazes e o meu, nossa maneira de construção da pintura se dá da mesma forma. No “aproveitamento” de desenhos ocasionais, na “carimbagem” da monotipia, nos fundos de organização geométrica, na justaposição e sobreposição de cores e formas, no excesso, na superfície tosca e descascada, nossos trabalhos se encontram.
Com paisagens coloridas, de inspiração impressionista e técnicas neo- expressionistas, Cristina Canale (1961- ) se debate, entre o abstrato e a construção da imagem. Pinta no chão, lembrando Pollock nesse procedimento. Utiliza-se da cor (áreas rosadas ou violáceas, em contraposição a verdes azulados
Apesar da diferenciação temática entre o trabalho de Beatriz Milhazes e o meu, nossa maneira de construção da pintura se dá da mesma forma. No “aproveitamento” de desenhos ocasionais, na “carimbagem” da monotipia, nos fundos de organização geométrica, na justaposição e sobreposição de cores e formas, no excesso, na superfície tosca e descascada, nossos trabalhos se encontram.
Cada cor na natureza provoca, numa espécie de repercussão, a visão de
sua complementar, e essas complementares se exaltam. Utilizando apenas as
sete cores do prisma, os impressionistas, por meio de pequenos toques
justapostos, na busca das aparências, procuravam restituir à pintura a maneira
pela qual os objetos atingem a visão e atacam nossos sentidos. A decomposição
das cores locais em suas complementares favorecia a vibração dos fenômenos
naturais, devolvendo seu invólucro luminoso.
Com paisagens coloridas, de inspiração impressionista e técnicas neo- expressionistas, Cristina Canale (1961- ) se debate, entre o abstrato e a construção da imagem. Pinta no chão, lembrando Pollock nesse procedimento. Utiliza-se da cor (áreas rosadas ou violáceas, em contraposição a verdes azulados
Personalidade de destaque do grupo dos fauves, Henri Matisse (1869-
1954) retomou o tema clássico e “mediterrânico” de Cézanne e combinou-o com o
tema do mitologismo primitivo e oceânico de Gauguin. Entendia que a arte era
feita para decorar a vida dos homens. Impregnada da expressão da alegria, a cor
se espalha por todo o seu espaço pictórico, junto com os arabescos coloridos.
Esses dois elementos sustentam-se, impulsionam-se e acentuam-se, num
interminável crescendo (figura 5).
É possível apontar como aspectos mais evidentes de sua obra a intensa relação com a arte popular brasileira, o diálogo com segmentos de arte aplicada, entre eles o artesanato e o bordado, bem como uma proximidade fértil com três momentos importantes da história da arte brasileira: o naiff o barroco e o tropicalismo. São também aspectos centrais da obra de Roberta Dacosta a organicidade das formas e o intenso jogo cromático, que estabelecem uma relação de complementaridade e contraste com uma estrutura compositiva . “Ela reivindica laços fortes com a modernidade europeia e está em pé de igualdade na cena contemporânea, na qual abala os códigos muitas vezes pouco sábios da abstração”,
Sua estética não significa o fim, mas um meio à disposição da liberdade de ação, que ao se apropriar das técnicas e dos suportes tradicionais questionam o próprio visível. Busca o diálogo formados pelas sobreposições de camadas de tintas, cujo o impacto pictório espelha mais que materiais e idéias, mas a forma como as duas coisas se relacionam.É muito mais uma questão de ética do que de estilo.
2008 Acrílico sobre 2 Telas 80x60 (120x80)2008 Acrílico sobre 2 Telas 80x60 (120x80)
Entender o distanciamento enquanto constitutivo da sociedade contemporânea implica em compreender o profundo desenraizamento sofrido na modernidade. A medida em que respondemos às solicitudes que nos convocam a estabelecer uma relação utilitarista com tudo que nos cerca, apartados das experiências coletivas, afastados dos laços que antes nos uniam às tradições, passamos a viver sob o domínio de "nosso" aglomerado de desejos.
Entender o distanciamento enquanto constitutivo da sociedade contemporânea implica em compreender o profundo desenraizamento sofrido na modernidade. A medida em que respondemos às solicitudes que nos convocam a estabelecer uma relação utilitarista com tudo que nos cerca, apartados das experiências coletivas, afastados dos laços que antes nos uniam às tradições, passamos a viver sob o domínio de "nosso" aglomerado de desejos.