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Referências


Matisse e Picasso, Pollock e De Kooning foram suas principais referências artísticas. Guinle, por sua vez, soube destilar seus ensinamentos e convertê-los em substância própria. O “novo”, para ele, era uma reflexão poética do que já existia, do que fora feito. Segundo texto de Ronaldo Brito, do folder da XVII Bienal de 1983, o heroísmo de Guinle estava no diálogo que travou com os gigantes do abstracionismo americano (figura 36).
O excesso, a confusão e o acúmulo atraíam Jorge Guinle como artista. Seu tema era o mundo, a existência. Arte e vida mesclavam-se. Seus desenhos estampam uma quase imagem de realidade. Marcas de sapato e pontas de cigarro que se sobrepõem aos papéis mostram uma performance privada. Alegria, humor e comicidade coincidem em sua obra.
“O habitat natural de Guinle eram as metrópoles, as grandes cidades de horizontes tolhidos, backgrounds caóticos e pouco profundos” (Bach 2001: 49). Suas obras novamente mobilizam a memória da action-painting americana, nas configurações urbanas de Franz Kline. Os escorridos da tinta entram na composição de sua pintura, enfatizando um trabalho de caráter mais vertical, contrapondo-se às pinturas feitas no solo. Considero ter muito em comum com a arte de Guinle, não na alegoria colorista, mas principalmente na direção do olhar cosmopolita, na inspiração no expressionismo abstrato de Pollock e seus seguidores, na maneira corporal de lidar com os materiais pictóricos, no livre exercício de fazer pintura.