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Conclusão a infância se estrutural de todas as minhas criações, sejam as pinturas, desenhos ou fotografias. De alguma forma, minha biografia está contida nas formas e nas cores dos meus trabalhos. A cena urbana, com seus recortes e silhuetas, estão representadas pela verticalidade, excessos, contrastes e cores utilizadas. Os ícones da grande cidade se apresentam claramente no meio fotográfico, numa amplitude que enfatiza sua representação. A pintura imita o proceder metropolitano na tentativa de controle do desordenado, por meio dos movimentos de construção-desconstrução. O caos citadino e seu grafismo confuso se organizam por meio das linhas dos desenhos. Debruçar-se sobre questões fundamentais em meus trabalhos, pensar sobre elas, discutir suas relações e conhecer suas origens fizeram-me perceber o quanto esse ato pode elucidar questões e dúvidas existentes. Imediatamente, possibilidades começam a surgir, novas propostas insinuam-se para futuros projetos. Respostas sinalizadoras de solução são fruto desse processo. Conhecer profundamente o que fazemos é o primeiro passo para sua evolução. Finalizo este texto consciente de que todas as leituras e reflexões levaram-me na direção de acreditar que todo artista justapõe obra e vida. Seu jeito de ser e pensar se inscreve na obra, e é por esse motivo que o artista mostra a si mesmo, se desnuda a cada exposição de seus trabalhos. A operação da arte, como o ato de viver, é vulnerável ao julgamento, salva pela vantagem de ser ela o fruto de alguém que trabalha o tempo todo o seu espírito, o que faz dele “menos humano”, mais forte. O artista leva consigo diariamente e a todo lugar suas mais importantes ferramentas de trabalho: o olhar e a emoção.